Mais uma frustração. Mais uma batida na trave. E mais uma medalha de
prata e o ouro que escapa das nossas mãos (ou melhor, dos nossos pés).
Neste sábado a seleção brasileira tinha tudo para vencer o México na
final do futebol nas Olimpíadas de Londres e enterrar de uma vez por
todas um velho "fantasma" que assola os gramados brasileiros dentro dos
jogos olímpicos. Mas infelizmente a equipe, que pouco convenceu durante
toda a competição, não se encontrou dentro de campo, acabou derrotada e
mantendo este tabu que parece interminável.
Podemos afirmar que o Brasil não esperava tantas dificuldades em uma
final. Depois de enfrentar equipes teoricamente com pouca expressão no
futebol e com baixa qualidade técnica (mesmo com isso, as vitórias
vieram no sufoco em quase todos os jogos), o time teve pela frente uma
seleção mexicana muito bem postada dentro de campo, tanto defensivamente
como ofensivamente, e teve muitas dificuldades durante toda a partida.
Mais uma vez o técnico Mano Menezes repetiu o esquema tático das
semifinais, deixando Hulk no banco e colocando Alex Sandro na
lateral-esquerda, deslocando Marcelo para o meio-de-campo. Porém, as
coisas desde o comecinho de jogo estavam totalmente perdidas e fora do
lugar para a seleção brasileira.
Isso porque com menos de trinta segundos o México abriu o placar, em
mais uma das inúmeras falhas e cochiladas da defesa brasileira. É
inadmissível uma equipe como esta sofrer um gol tão rapidamente. Com
isso, o esperado seria o Brasil colocar em prática novamente o que já
havia feito dentro de campo nas outras partidas. Mesmo saindo atrás do
marcador, o time não se abateu, impôs seu ritmo no ataque e as chances
saíram naturalmente. Mas contra os mexicanos a coisa acabou não fluindo
como o esperado. Perdendo o jogo nitidamente no meio-de-campo e nas
laterais, a nossa seleção parecia perdida, sufocada e sem ter o que
fazer quando tinha a bola nos pés, diante da pressão exercida pela
marcação do adversário, e não conseguindo alternativas para sair da
complicada situação. Mano tentou arrumar a equipe, voltando com seu
esquema antigo, colocando Hulk em campo. Algumas chances até foram
criadas depois da entrada dele, que mostrou muita disposição, mas nada
que assustasse muito a meta do goleiro mexicano.
A etapa final permaneceu com o mesmo panorama no início, e a situação
acabou se complicando com o decorrer do tempo. Com os nossos laterais
subindo juntamente com os volantes, de uma forma não muito organizada, e
com Oscar muito mal em campo, o Brasil não criou mais oportunidades e
estava desarrumado, correndo risco de sofrer o segundo gol, que acabou
vindo e mostrando toda a confusão da defesa brasileira, que deixou o
adversário subir sozinho e cabecear no canto do goleiro Gabriel,
acabando com todas as chances do ouro. Hulk, o mais lúcido em campo,
ainda descontou no final, mas não adiantou.
Novamente a seleção brasileira bate na trave em uma Olimpíada. Estes
jogos prometiam muito, e foi criada uma expectativa muito grande em cima
dele, por se tratar de uma geração de jogadores com muita qualidade
(talvez a melhor geração olímpica que já tivemos) e também pelos
adversários de pouca expressão. Apesar disso, durante todas as partidas
da competição as vitórias vieram de uma forma apertada e não
convincente. Tivemos alguns problemas fora e dentro de campo que
acabaram prejudicando o grupo. Uma delas foi o corte do goleiro Rafael,
titular do time, e que deixou uma deficiência grande nas traves da
seleção. A fragilidade da defesa, que, mesmo contando com Thiago Silva,
falhou em muitas oportunidades e comprometeu. Os dois volantes, Sandro e
Rômulo, que jogaram de uma forma confusa em muitas vezes, não
conseguindo cobrir as laterais de campo e atuando a frente de suas
respectivas posições.
Falando especificamente dos problemas dentro de campo, podemos apontar
um grande responsável por mais este fracasso olímpico: e ele se chama
Mano Menezes. Alguns podem até dizer que não houve um tempo hábil para
uma preparação intensa desta seleção, mas eu acabo discordando disso.
Apesar dos poucos jogos, o tempo de treinamento e trabalhos técnicos e
táticos foi rasoável para se fazer um bom trabalho e vencer os jogos.
Além disso, Mano acabou pecando em muitas vezes, e por questões até de
visão de jogo, deixando um jogador acima dos 23 anos no banco de
reservas, apostando num Paulo Henrique Ganso quase que "acabado"
tecnicamente e psicologicamente, não efetuando as mudanças certas
durante as partidas, e também nesta final, e pecando até nas
convocações. Ele não conseguiu formar uma equipe, não sabendo usufruir
de uma seleção com jogadores de muita qualidade e com uma geração
repleta de talentos.
Minha opinião é de que seu ciclo a frente do Brasil deveria já ter seu
fim. Os resultados não estão vindo, as cobranças aumentam, e vejo que
Mano não possui um perfil visando a Copa do Mundo de 2014, a acabou por
mostrar isso a beira do gramado comandando a seleção. Ele não conseguiu
formar uma base e uma cara para a nossa seleção canarinho, a pouco menos
de dois anos para o Mundial, e isso preocupa bastante. E estes Jogos
Olímpicos acabaram por confimar que seu nome não é o certo para seguir
no comando do Brasil. Nesta semana que se inicia devermos ter uma
posição oficial da CBF
sobre
isso. Mais uma frustração, desta vez em Londres, e fica para o Rio em
2016 a chance da seleção tentar terminar com este tabu difícil de ser
quebrado.
Trocando de assunto, vamos destacar a 16ª rodada do Campeonato
Brasileiro, que teve sua realização neste final de semana. No sábado,
quatro partidas abriram a rodada. O destaque ficou para as vitórias de
Flamengo e Cruzeiro. O rubro-negro derrotou o Náutico com dois gols do
artilheiro Vágner Love, e parece que já está se arrumando sob o comando
de Dorival Júnior. Já a raposa foi até Pituaçu e venceu o Bahia por 1 a
0, permanecendo na briga para entrar no G-4. Outra equipe que venceu foi
o Figueirense, quebrando um longo jejum de vitórias, derrotando o Sport
fora de casa e deixando a lanterna para o Atlético-GO, que deixou
escapar a vitória contra o Santos. Depois de estar vencendo por 2 a 0, o
peixe voltou com alterações para a etapa final, que surtiram efeito e
fizeram com que o resultado ficasse em 2 a 2. O alvinegro também segue
na parte debaixo da tabela.
No domingo, mais seis partidas acabaram por finalizar mais uma rodada. E
o grande destaque se dava no confronto dos dois primeiros colocados na
classificação. Atlético-MG e Vasco se enfrentaram em Belo Horizonte,
prometendo um duelo bastante interessante e brigado. E foi isso que
aconteceu. Com muita disputa por cada parte do gramado da Arena
Independência, a partida acabou por se caracterizar por um domínio dos
donos da casa, que tinham a maioria da posse de bola e, imprimindo muita
velocidade e jogadas envolventes, acabou por furar a melhor defesa do
Brasileirão, que já estava a sete jogos sem ser vazada. Jô foi o
responsável pelo único gol do jogo, que fez o galo abrir uma boa
vantagem na liderança, e ainda com uma partida a menos. O destaque da
partida ficou para Ronaldinho Gaúcho, que, jogando solto no
meio-de-campo, comandou o time mineiro para mais uma vitória, a 12ª em
15 jogos.
E, assim como o galo, as equipes de cima da tabela venceram seus jogos. A
vice-liderança trocou de mãos nessa rodada. O Fluminense venceu o
Palmeiras com um gol solitário de Jean já no final de jogo, deixou o
Vasco para trás e fica a três pontos da ponta. Os gaúchos Grêmio e
Internacional tiveram que buscar a virada em suas partidas para
permanecerem no pelotão de frente do Brasileiro. O colorado sofreu um
susto contra a Ponte Preta dentro de casa, mas virou e assumiu a quinta
colocação, ficando um ponto atrás do seu rival tricolor, que foi até o
Morumbi enfrentar outro tricolor. E, depois de sair atrás do placar,
usou toda a qualidade e experiência dos seus jogadores para vencer por 2
a 1 e permanecer na quarta colocação.
Quem acabou ficando mais distante desta briga pelo G-4 foi o Botafogo,
que foi até o Canindé e tropeçou diante da Portuguesa. O alvinegro saiu
na frente, mas permitiu o empate dos donos da casa e se afastou um pouco
do grupo da frente. Pra finalizar, no Couto Pereira, o Coritiba segue
na luta para se achar de vez dentro do Brasileirão. Mais uma vez a
equipe foi derrotada, desta vez pelo Corinthians, e permanece com sua
grande irregularidade. Enquanto isso, o timão tentar uma aproximação com
os primeiros colocados. Final de semana cheio de emoções no futebol,
algumas ruins, decepcionantes, mas outras muito válidas e interessantes.
Nesta meio de semana tem mais, Brasileirão e seleção brasileira em
campo, para a alegria dos "pitaqueiros" de plantão, como todos nós
somos.